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FHC e Alckmim defendem a fusão entre o PSDB e o que resta do DEM… seria o PSDEMB. A Suposta
agremiação ainda poderia contar com os ex-comunistas do PPS (e como diria uma tio meu, nada pior que comunista arrependido).
Fico imaginando como ficariam as coisas na cidade onde moro, Mongaguá…
Mongaguá é administrada pelo DEM e a oposição na Câmara é comandada pelo PSDB.
Nas eleições passadas foi o inverso, isto é, a “oposição” era o DEM e a situação era o PSDB… esquerda em Mongaguá, apenas os eleitores canhotos.
Será que seria tão absurdo assim a fusão nessa  calma estância balneária?
Creio que não…
Históricamente, Mongaguá é o celeiro do conservadorismo da região.
Apenas na 2ª eleição, no distante ano de 1963 pode-se afirmar que houve uma polarização “esquerda x direita”… nas demais, a disputa se reduziu a “direita x direita”
Em 1963, a esquerda representada pelo PSB perdeu a eleição por meros 18 votos, veja o resultado final:
João  de Barros Teixeira (PTB) – 439 votos
Joaquim Monteiro (PSB) – 423 votos
Jacob Koukdjian  – 200 votos
Obs: Não foi possível identificar o partido político de Jacob Koukdjian (avó do atual vereador Jaco Neto)
Nas eleições seguintes, tivemos resultados curiosos e surpreendentes:
Em 1968, a ARENA (Partido de sustentação da Ditadura Militar) deu um baile :
Atilio Fumo (ARENA) 692 votos; José Dantas (ARENA) 550; Milton Melo (MDB) 200 (Milton Melo tinha sido candidato a Vice-Prefeito na Chapa de Joaquim Monteiro,  em 1963). Na Cãmara foram eleitos 8 vereadores da ARENA e apenas um do MDB.
Em 1972, depois da tentativa de guerrilha no Vale do Ribeira, da fusão da VAR-Palmares em Mongaguá, da prisão de mongaguaenses pela Operação Bandeirantes (Oban), tivemos uma única candidatura… pela ARENA, é claro… o “eleito? Cassimiro com 1.593 votos. Entre os Verteadores eleitos, dois nomes conhecidos até hoje: Lazinho (261 votos) e Jaco Koukdjian Filho (235 votos)… ambos pela ARENA.
Chegamos em 1976, o MDB já havia dado uma surra eleitoral em 74, e ganhava nas principais cidades do País… mas não em Mongaguá. Com a possibilidade de sub-legendas, a ARENA vence com enorme folga as eleições naquele ano. O eleito foi Jaco Koukdjian Filho, com 1.635 votos. Lazinho (também pela ARENA), ficou em 2º lugar (1.515 votos). A oposição, o MDB, lançou Ivone Monteiro (esposa de Joaquim Monteiro) e teve 465 votos.
As eleições de 1978 são adiadas para 1982. Uma eleição sem AI-5, com pluralidade partidária e sob o comando de Paulo Maluf (PDS) no Governo do Estado de São Paulo. São tempos de abertura política, onde se respira e transpira-se democracia…  O PMDB dá uma surra eleitoral no PDS em todo Estado… menos em Mongaguá, onde o PDS disputa com o PDS (as tais sub-legendas) e a diferença de votos para o PMDB é astronômica. Cassimiro é eleito novamente, agora pela Neo-ARENA, o PDS. Cassimiro teve 3.140 votos, contra 3.049 votos de Lazinho (também pelo PDS). O candidato mais votado do PMDB foi Cláudio Kirsten com  340 votos. Na Câmara de Vereadores o quadro se repetiu: todos os vereadores eleitos foram do PDS, entre eles Artur Parada Prócida e Redó.
Chega 1988, o multipartidarismo se estabelece. O PT é organizado na cidade, entre os fundadores membros da família Koukdjian.
O PT propõe coligação com Jaco Koukdjian (PFL), mas a Executiva do Partido é destituída pela Regional do PT, desautorizando uma coligação com o PTB, PFL, PSD e PDC. É nesta coligação que Jaco Koukdjian retorna a Prefeitura (5.637 votos) com Artur Parada P?ocida como vice. Lazinho (coligação PMDB, PDS e PL) atinge 2.538 votos. Entre os vereadores o multipartidarismo se estabelece, com a distribuição de cadeiras entre o PTB (3), PFL (2), PMDB (2), PDS (1) e PDT (1). Entre os vereadores Zé Pedro (PTB), Redó (PFL), José Fernando (PMDB), Cabeça (PDS).
Eleições diretas em 1989 e a eleição de Collor, que óbviamente vence em Mongaguá.Mesmo assim , a votação de Lula foi surpreendente, fato que permitiu a reorganização partidária do PT em 1990, .
Ao chegar o ano de 1992, as lideranças conservadoras se unem a Artur e Redó, numa coligação de mais de uma dezena de partidos. O resultado é praticamente igual a o de 1972, com uma candidatura praticamente única, Artur (PSD) vence as eleições com 9.482 votos, contra 869  de Arnaldo Taverna (PT). A candidatura petista prometia IPTU gratis para os moradores (sic)… O Estado de São Paulo já era governado pelo PMDB, e o PSD era base de apoio ao Governo Fleury na Assembléia Legislativa. Todos os vereadores eleitos eram de partidos aliados de Artur.
Em 1993, os professores da rede pública fazem o que seria a maior greve em sua história. Em Mongaguá, o movimento grevista atingiu 100% de paralisação durante quase um mês! A mobilização era intensa, com  atos públicos, assembléias e culminou com uma incrível passeata, reunindo cerca de 100 trabalhadores da educação.
Ao chegar nas eleições de 1996, a polarização entre os conservadores se repetiu: Jaco Koukdjian (PFL) é novamente reconduzido ao Paço Municipal com 6. 692, contra os 5.040 de Zé Pedro (PTB). A candidatura petista de chapa pura, com Frank, chegou a 201 votos. Zé Pedro teve o apoio de Artur, que nesta ocasião já pertencia ao PSDB (partido que se filiou após a vitória de Mario Covas – ou durante a campanha -  ao Governo do Estado). Na Câmara de vereadores, a base de apoio de Jaco era muito ampla (PSB -3/ PFL -2/ PMDB -3 e PL -1) a “oposição”, PSDB,  2 cadeiras
No ano de 2000,(ano que me filiei ao PT ) novamente a polaridade entre Artur (PSDB) e Jaco (PFL) em torno dos quais os partidos políticos se coligaram. O PT sai, novamente, em chapa pura. O resultado foi a vitória de Artur, com 13.009 votos, retornando ao cargo de Prefeito. Jaco  teve 4.676 votos e a candidatura petista (Guilherme Nascimento) alcançou 791 votos. Entre os vereadores, a base de apoio ao Executivo contava com: PRP (2); PST (1); PSDB (3); PSL (1); PSB (1) e PL (1). A “oposição” ficou com: PFL (3), PMDB (2) e PP(1).
Em relação as eleições de 2004 e 2008, sugiro que os leitores vejam os dados no site da Justiça Eleitoral.
Portanto meus amigos, a criação do “PSDEMB”não traria nenhum trauma profundo aos profissionais da política em Mongaguá.  O “PSDEMB” e o PSD de Kassab são retratos fiéis do pensamento dominante por essas praias…
Mas, um dia a modernidade chegará… e eu estarei na Praça, para comemorar.     EVERALDO BATISTA
Fontes de Pesquisa: Reminiscências de Mongaguá (Joaquim e Ivone Monteiro)
Hemeroteca de “A Tribuna”
http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/eleicoes_anteriores.htm